sábado, 18 de outubro de 2014

Resenha do Livro: “Avaliação – Concepção Dialética-Libertadora do Processo de Avaliação Escolar”, do Autor Celso Vasconcellos

            O livro “Documentos de identidade uma introdução às teorias do currículo” de Tomaz Tadeu da Silva é uma obra de consulta para as pessoas que desejam ver, entender e refletir sobre essas teorizações em diferentes perspectivas. Publicado pela primeira vezem 1999 é um livro que subsidia o leitor a compreender os processos político, social, econômico e cultural pelos quais transitam as Teorizações Curriculares.
            A obra está organizada em breves capítulos que abordam as três principais perspectivas curriculares: Teorias Tradicionais, Crítica e Pós-Críticas. Apresentando o pensamento de autores que são ícones em cada uma delas, o autor problematiza a visão de currículo nas diferentes épocas históricas que fundamentaram a Educação traçando seus caminhos até os dias de hoje.
            Inicialmente Silva caracteriza as Teorias Tradicionais, apontando seus fundamentos, ideais, conceitos e perspectivas curriculares. Neutras, desinteressadas, preocupadas em responder “o quê” e “como” educar, essas teorias nasceram nos Estados Unidos a partir da década de xx com Bobbit e Tyler.
            Objetivo do currículo nas teorias tradicionais é exercer com eficiência as ocupações profissionais da vida adulta, sendo um modelo voltado para a economia. Essas teorias referem-se ao currículo como uma questão técnica, estabelecendo padrões, organização e mensuração.
            Em seguimento à obra, o autor aborda as Teorias Críticas sendo estas a grande marca da virada epistemológica nos estudos do currículo. Efetuando uma completa inversão dos fundamentos das Teorias Tradicionais, essa perspectiva olha a educação como um campo político. Desconfiam do status que questionam e transformam radicalmente o currículo. Não se limitam a perguntar “o que?” buscam um constante questionamento. Sai do “o que” para buscar o “por que”. Porque esse conhecimento e não o outro? Estão preocupados com as conexões entre saber, identidade e poder. Deslocam os conceitos de ensino e aprendizagem para a ideologia e poder.
            Autores como:Althusser, Bourdieu, Giroux, Saviane e Bernstein problematizam o campo do currículo como uma questão política, preocupadas com a classe social menos privilegiados que acaba sendo aculturada por uma classe dominante.
            Questionam o currículo na produção das desigualdades sociais como também buscam investigar as conexões entre os princípios de seleção, organização e distribuição de recursos econômicos e sociais  mais amplos, fazendo relações entre currículo e poder, entre organização e conhecimento.
            Na continuidade de sua obra, Silva apresenta  as teorias pós-criticas do currículo, apontando questões a serem problematizadas através de um novo óculos teórico, sustentando-se a partir  do Pós-Estruturalismo.
            Preocupa-se em afirmar que não há hierarquia entre as diferentes culturas uma vez que o multiculturalismo passa a ser um movimento legitimo de reivindicações dos grupos culturais dominados. Por outro lado também pode ser visto como uma solução para “os problemas” que a diversidade racial e étnica apresenta para a cultura dominante. Vale ressaltar que o multiculturalismo não pode ser separado das relações de poder uma vez que este é um importante instrumento de luta política.
            Na perspectiva, a concepção pós-estruturalista não pode ser concebida fora dos processos linguísticos de significação uma vez que ela é discursivamente produzida.
            O autor destaca o currículo como um artefato de gênero corporificando e reproduzindo relações bem como seus estereótipos. Aponta a problematização de um currículo oficial que valoriza a separação entre sujeito e conhecimento, o domínio e o controle, a racionalidade e a lógica, a ciência e a técnica, o individualismo e a competição numa sociedade que está estruturada não apenas pelo capitalismo, mas também pelo patriarcado.
            Com essas problematizações em que se inserem as teorizações críticas contemporâneas sobre currículo a preocupação com a identidade étnica  e racial atravessam as discussões sobre cultura.
            Desestabilizando a tranquilidade da normalidade, as teorias pós-criticas querem complicar a questão da identidade sexual, cultural e social. Tal epistemologia quer nos fazer pensar “que é” o estranho, o impensável, o proibido. O objetivo desta pedagogia é questionar os discursos que definem o que é correto, incorreto, anormal. É uma teoria que pode fazer a diferença no currículo.
Silva em sua obra refere-se ao pós-modernismo como sendo um movimento histórico e social com um conjunto variado de perspectivas em campos intelectuais, políticos, estéticos e epistemológicos. Assim, questiona as narrativas mestras do modernismo sendo um modernismo antifundacionalista,
Finalizando a obra, na visão do autor, as Teorias do Currículo sofreram a ruptura das teorias Tradicionais para as Teorias Críticas. As Teorias Pós-Criticas dão continuidade aos estudos iniciados pelas Teorias Críticas. O currículo é visto então como uma arena política, território contestado, disputa de poder, o currículo é enfim, uma questão de saber, poder e identidade.

Referências Bibliográficas:
Vasconcellos, Celso dos Santos, Avaliação – Concepção dialética-libertadora do processo de avaliação escolar. São Paulo, Libertad, 1995. _ (Cadernos pedagógicos do Libertad; v.3)

ACADÊMICA

VÂNIA SCHEFFER SIQUEIRA


18/10/2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário