O
livro “Documentos de identidade uma introdução às teorias do currículo” de
Tomaz Tadeu da Silva é uma obra de consulta para as pessoas que desejam ver,
entender e refletir sobre essas teorizações em diferentes perspectivas.
Publicado pela primeira vezem 1999 é um livro que subsidia o leitor a
compreender os processos político, social, econômico e cultural pelos quais
transitam as Teorizações Curriculares.
A obra está organizada em breves
capítulos que abordam as três principais perspectivas curriculares: Teorias
Tradicionais, Crítica e Pós-Críticas. Apresentando o pensamento de autores que
são ícones em cada uma delas, o autor problematiza a visão de currículo nas
diferentes épocas históricas que fundamentaram a Educação traçando seus
caminhos até os dias de hoje.
Inicialmente Silva caracteriza as
Teorias Tradicionais, apontando seus fundamentos, ideais, conceitos e
perspectivas curriculares. Neutras, desinteressadas, preocupadas em responder
“o quê” e “como” educar, essas teorias nasceram nos Estados Unidos a partir da
década de xx com Bobbit e Tyler.
Objetivo do currículo nas teorias
tradicionais é exercer com eficiência as ocupações profissionais da vida
adulta, sendo um modelo voltado para a economia. Essas teorias referem-se ao
currículo como uma questão técnica, estabelecendo padrões, organização e
mensuração.
Em seguimento à obra, o autor aborda
as Teorias Críticas sendo estas a grande marca da virada epistemológica nos
estudos do currículo. Efetuando uma completa inversão dos fundamentos das
Teorias Tradicionais, essa perspectiva olha a educação como um campo político.
Desconfiam do status que questionam e transformam radicalmente o currículo. Não
se limitam a perguntar “o que?” buscam um constante questionamento. Sai do “o
que” para buscar o “por que”. Porque esse conhecimento e não o outro? Estão
preocupados com as conexões entre saber, identidade e poder. Deslocam os
conceitos de ensino e aprendizagem para a ideologia e poder.
Autores como:Althusser, Bourdieu,
Giroux, Saviane e Bernstein problematizam o campo do currículo como uma questão
política, preocupadas com a classe social menos privilegiados que acaba sendo
aculturada por uma classe dominante.
Questionam o currículo na produção
das desigualdades sociais como também buscam investigar as conexões entre os
princípios de seleção, organização e distribuição de recursos econômicos e
sociais mais amplos, fazendo relações
entre currículo e poder, entre organização e conhecimento.
Na continuidade de sua obra, Silva
apresenta as teorias pós-criticas do
currículo, apontando questões a serem problematizadas através de um novo óculos
teórico, sustentando-se a partir do
Pós-Estruturalismo.
Preocupa-se em afirmar que não há
hierarquia entre as diferentes culturas uma vez que o multiculturalismo passa a
ser um movimento legitimo de reivindicações dos grupos culturais dominados. Por
outro lado também pode ser visto como uma solução para “os problemas” que a
diversidade racial e étnica apresenta para a cultura dominante. Vale ressaltar
que o multiculturalismo não pode ser separado das relações de poder uma vez que
este é um importante instrumento de luta política.
Na perspectiva, a concepção
pós-estruturalista não pode ser concebida fora dos processos linguísticos de
significação uma vez que ela é discursivamente produzida.
O autor destaca o currículo como um
artefato de gênero corporificando e reproduzindo relações bem como seus
estereótipos. Aponta a problematização de um currículo oficial que valoriza a
separação entre sujeito e conhecimento, o domínio e o controle, a racionalidade
e a lógica, a ciência e a técnica, o individualismo e a competição numa
sociedade que está estruturada não apenas pelo capitalismo, mas também pelo
patriarcado.
Com essas problematizações em que se
inserem as teorizações críticas contemporâneas sobre currículo a preocupação
com a identidade étnica e racial
atravessam as discussões sobre cultura.
Desestabilizando a tranquilidade da
normalidade, as teorias pós-criticas querem complicar a questão da identidade
sexual, cultural e social. Tal epistemologia quer nos fazer pensar “que é” o
estranho, o impensável, o proibido. O objetivo desta pedagogia é questionar os
discursos que definem o que é correto, incorreto, anormal. É uma teoria que pode
fazer a diferença no currículo.
Silva
em sua obra refere-se ao pós-modernismo como sendo um movimento histórico e
social com um conjunto variado de perspectivas em campos intelectuais,
políticos, estéticos e epistemológicos. Assim, questiona as narrativas mestras
do modernismo sendo um modernismo antifundacionalista,
Finalizando
a obra, na visão do autor, as Teorias do Currículo sofreram a ruptura das
teorias Tradicionais para as Teorias Críticas. As Teorias Pós-Criticas dão
continuidade aos estudos iniciados pelas Teorias Críticas. O currículo é visto
então como uma arena política, território contestado, disputa de poder, o
currículo é enfim, uma questão de saber, poder e identidade.
Referências Bibliográficas:
Silva,
Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade
– Uma Introdução às Teorias do Currículo. Belo Horizonte, Brasil;
Autêntica. 2005, 2º Ed., 156 páginas.
ACADÊMICA
VÂNIA SCHAFF SIQUEIRA
18/10/2014
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